Escrever um texto é muito fácil. Construir um texto nem tanto.
Minha professora da pós graduação fala bastante em tempestade de palavras, ou falando de forma mais pomposa, o famigerado brainstorm. A partir desta prática é fácil escrever um texto. Basta deixar as palavras surgirem e deixar o pensamento fluir pela caneta ou teclado, mesmo não fazendo sentido, coesão ou coerência, tem um texto escrito. Pode ser de qualidade duvidosa, mas é um texto.
A questão que beira a convenção coletiva sobre o que é ou não um texto, diz respeito a sua construção. Tem introdução, meio e fim? É um texto. Tem ideias desenvolvidas com coesão e coerência? Então é um texto. Atende às expectativas artísticas e literárias? Parabéns! Você escreveu um texto.
Em Marcuschi (2008), "o texto é um evento comunicativo em que convergem as ações linguísticas, cognitivas e sociais. O grande problema está em resolver essa convergência de maneira satisfatória e adequada". Esta informação que o autor nos traz em sua obra, corrobora para a ideia de convenção coletiva. Resolver a questão de maneira satisfatória sempre será um dilema, e a partir dele perdemos escritoras e escritores valiosos.
Contudo, um caminho que julgo ser um início de luz no fim do túnel, são os gêneros textuais. Quase "infinitos" na sua essência, temos inúmeras portas de entrada para a escrita. Voltemos ao ponto inicial de que escrever é fácil. Eu posso escrever sobre qualquer coisa a qualquer momento. Construir já é mais trabalhoso. Para quem eu construo? Para onde? Para quando? E a pergunta mais importante, por quê?
Toda construção exige uma preparação, compra de material, análise de terreno, qual estrutura terá, como será o alicerce, mestre de obras, arquiteto, engenheiro, operários, etc. Só de pensar pode parecer uma complexidade sem tamanho, mas ao pautar em um gênero, já acontece um afunilamento de possibilidades e fica mais fácil de conduzir o caminho da escrita. Eu sei onde consumir sobre o assunto, sobre técnicas, me preparar e executar meu texto.
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